Olhar para o céu e esperar pela chuva. Após um ano de estiagem e muito prejuízo, o simples ritual sertanejo não ficou restrito ao campo. Os efeitos da seca atravessaram a fronteira entre o rural e o urbano. Nas cidades, ela trouxe perdas, afetou o comércio e mexeu com o bolso dos consumidores. Se há um consenso é que a economia do Nordeste e a brasileira não ficou intacta após a estiagem de 2012.
Ainda no ano passado, as perdas na agropecuária logo foram vistas. A “carestia” (alta nos preços) atingia os itens de alimentação componentes da cesta básica. O feijão, o arroz e, quem diria, até a farinha mudaram de preço. A inflação vinda do campo afetou a vida de quem passeia com os carrinhos de compras no supermercado da Capital. No interior, não foi diferente e aqueles municípios mais dependentes da zona rural foram os que mais “penaram”.
A inflação aumentou os gastos das famílias com os alimentos. Em ano de dificuldades, poupar foi a palavra de ordem. Enquanto o poder de compra caía, do outro lado, comerciantes testemunhavam os produtos encalharem nas prateleiras. Com pouco dinheiro circulando pela cidade, fechar o ano com crescimento de faturamento deixou de ser uma previsão para se tornar um desejo.
A ameaça de ficarmos sem chuva também assustou os grandes setores produtivos. O País que depende da energia gerada pela força das águas viu os reservatórios das hidrelétricas atingir níveis críticos de armazenamento. Não demorou para que o risco de um novo racionamento voltasse a ser cogitado e para que as usinas termelétricas, usadas apenas em situações emergências, passagem a operar de Norte a Sul do País para evitar um desabastecimento.
No entanto, como manda a tradição, a chegada do período das chuvas renova as esperanças. Não apenas o olhar do sertanejo estará voltado para o horizonte, mas também o do empresário, da dona de casa, do aposentado e de tantos outros que, nas cidades, sentiram e esperam por mudanças.