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quarta-feira, março 06, 2013

De Olho no céu: Um cometa misterioso cruza os céus do país

Imagem do astro captada na Nova Zelândia
 
RIO - O primeiro de dois cometas a serem avistados no céu do país este ano já pode ser observado a olho nu. No horário do pôr-do-sol, por volta das 18h, basta olhar à direita da estrela, buscando por um ponto luminoso, algo como uma estrela um pouco mais brilhante. Trata-se do cometa PanSTARRS, em sua visita única ao planeta Terra, direto dos confins do Sistema Solar. Uma espécie de aperitivo antes da chegada do ISON, em novembro, que será visível como uma lua cheia.
Cometas são grandes aglomerados de rocha e gelo recobertos por uma crosta de sujeira espacial originários da Nuvem de Oort, uma gigantesca região de objetos gelados que cerca nosso Sistema Solar e cujo limite alcança mais de um ano-luz (cerca de 9,5 trilhões de quilômetros) de distância da Terra. Às vezes, porém, um destes objetos tem sua órbita estável perturbada pela ação gravitacional da movimentação de uma estrela próxima ou da combinação dos efeitos gravitacionais do conjunto das estrelas da Via Láctea, sendo então lançado em uma longa viagem em direção ao Sol. E, à medida que ele se aproxima de nossa estrela, o calor começa a quebrar sua crosta e a fazer evaporar o gelo, gerando as características coma (cabeça) e cauda dos cometas, que brilham ao reflexo da luz solar.
O PanSTARRS, segundo Jorge Márcio Carvano, do Observatório Nacional, é um cometa de tipo raro, com uma órbita chamada de hiperbólica, ou seja, ele só passará uma vez pela Terra. Trata-se, por isso, da primeira e única chance de observá-lo. De acordo com o astrônomo, especialistas em todo o mundo estão ansiosos para estudar o objeto, detectado em 2011.
— Os cometas, acreditamos, são objetos formados na mesma época em que os planetas gigantes e expulsos da parte interna do Sistema Solar — explicou Carvano. — Com suas temperaturas muito baixas, eles preservam material, processos e condições daquela época; verdadeiras relíquias da formação do Sistema Solar.
Carvano explicou que, com a observação do cometa por especialistas, será possível estudar a composição do gás e da poeira. Segundo Carvano, moléculas orgânicas nunca antes observadas podem ser detectadas.
— Observamos a interação da luz do Sol com o gás e a poeira. Dependendo de como o gás modifica a luz, podemos inferir a composição molecular.
Mas enquanto o PanSTARRS passará a cerca de 50 milhões de quilômetros do Sol — sua maior aproximação ocorre hoje —, o ISON se aproximará muito mais da estrela, menos de 2 milhões de quilômetros. Quanto mais perto do Sol um cometa chega, mais brilhante ele aparece no céu. Por isso, astrônomos apostam que o ISON pode ser “o cometa do século”, atingindo um brilho equivalente ao da Lua cheia, ficando visível a olho nu e talvez até durante o dia na época de sua maior aproximação, entre o fim de novembro e o início de dezembro.

Fonte: O Globo