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quinta-feira, outubro 03, 2013

320 comunidades da Região Metropolitana sem abastecimento d'água

Mais de 320 comunidades da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) sofrem com a falta d’água e precisam ser socorridas pelas operações de carro-pipa das prefeituras e do Exército. Um conjunto de fatores resulta na negativa do direito de milhares de cidadãos cearenses em ter acesso digno à água. E, com a falta de chuva, um dos principais motivos para o cenário ser tão alarmante, as perspectivas dos municípios ficam piores.Os motivos para o perrengue diário vão desde redes de abastecimento obsoletas ou inexistentes, que não chegam às casas, à impossibilidade da concessionária do serviço - a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) - em atender a demanda das localidades pelas peculiaridades que apresentam. Além disso, faltam projetos adequados das prefeituras e há uma crescimento acima do esperado dos municípios e da contingência populacional, indicaram os gestores ouvidos pela reportagem.

Como muitas das localidades mais isoladas dependem de cacimbas cavadas nos quintais, açudes e chafarizes para o abastecimento, a falta de chuva se constitui um agravante para a situação dos moradores dessas áreas. Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), a região - que é abastecida pelo Castanhão (com 46,14% do total do seu volume) - não ficará desabastecida por um horizonte mínimo de dois anos.

A Cogerh também informou que nenhuma sede de município está passando por desabastecimento (Chorozinho seria uma exceção da Cagece), mas comunidades difusas podem apresentar problemas do tipo. A prioridade da companhia são as sedes dos municípios e o abastecimento precisa ser complementado pelos demais órgãos, informou.

Segundo informações da 10ª Região Militar, localidades de três municípios da RMF são atendidas pela Operação Carro-Pipa do Exército. A distribuição opera com uma quantia de 20 litros de água por dia e por pessoa e a periodicidade da ida dos caminhões depende do tamanho da comunidade. O local de captação da água pelos carros-pipa do Exército ou por ele contratados é indicado pelas prefeituras, que são cobradas a apresentar um laudo mensal sobre a potabilidade da água. 

Responsabilidades 

Segundo a Cagece, as especificidades das localidades em zonas rurais inviabilizam o processo de implantação e operacionalização de sistemas de abastecimento de água, visto o custo dos investimentos e a própria capacidade de pagamento da manutenção pelos usuários.

Soluções viáveis para os locais, segundo a Companhia, seriam as cisternas, assim como o Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar). Poços profundos também são indicados pelas prefeituras como alternativas para a questão e muitas já apontam a construção (em parceria com o governo estadual) ou licitação para tais poços. Muitas comunidades também convivem há décadas com os chafarizes coletivos, mas que apresentam problemas como água salina.(colaboraram Luciana Castro Cunha e Rômulo Costa)