O que vinha como acúmulo de hostilidades ontem virou guerra aberta entre o secretário da Saúde Ciro Gomes (Pros) e o procurador Oscar Costa Filho. O membro do Ministério Público Federal (MPF) acusou o irmão do governador Cid Gomes (Pros) de improbidade administrativa e afirmou que o secretário tenta barrar investigações sobre o Hospital Regional Norte, em Sobral.
À noite, Ciro divulgou nota na qual chamou o procurador de “irresponsável”, “politiqueiro mentiroso”, “tresloucado” e informou que irá processá-lo por calúnia e fará denúncia funcional e criminal ao Conselho Nacional do Ministério Público e à Justiça.
O secretário disse que, na “ânsia patológica por aparecer”, Oscar “se aprofunda na sua leviandade”. Ciro informou ainda que gosta de ser fiscalizado e questionou se é “papel do Ministério Público ficar batendo boca com políticos pela imprensa uma vez por semana”.
Ele ainda o acusou de ameaçar funcionários da pasta. “O tempo em que ele oprimia, com ameaças, modestos servidores da Secretaria da Saúde do Estado acabou no dia da minha posse”, afirmou.
Em entrevista concedida mais cedo, Oscar afirmou que as investigações continuarão e devem resultar em ações judiciais. Ele acusou Ciro de tentar cercear a atuação do órgão e que a atuação do secretário será analisada pelo núcleo criminal do MPF, por suposto crime político e prevaricação. “A postura dele é incompatível para continuar à frente da pasta”, disse.
“Qualquer rábula sabe que não existe crime político no Brasil desde o fim da ditadura militar e que quem demite e admite secretário de Estado é apenas o governador”, reagiu Ciro.
Como O POVO mostrou sábado, vistoria de auditores do SUS no Hospital Regional de Sobral, em maio, relatou suposto sumiço de aparelhos e falha no registro de patrimônios e desuso de materiais. Sábado, Ciro foi ao hospital acompanhar nova vistoria e mostrar que os equipamentos estavam lá.
Histórico de confronto
Ao comentar o caso do hospital de Sobral, o governador Cid Gomes havia dito que as ações de Oscar Costa Filho viraram “palanque político contra o Governo”.
Em janeiro, Cid classificou o procurador de Contas Gleydson Alexandre de “garoto que deseja aparecer e fica criando caso”. Ele havia questionado o cachê de R$ 650 mil a Ivete Sangalo, na inauguração do hospital.
Em julho, Ciro disse que o procurador Alessander Sales deveria “pendurar uma melancia no pescoço” para aparecer. Na mesma ocasião, tachou Oscar de “exibicionista” e “politiqueiro”. A polêmica da vez era a construção de viadutos no Cocó.
No mês passado, um dia após tomar posse como secretário, Ciro não compareceu a audiência convocada por Oscar e enviou ofício dizendo não ter “interesse” em participar da reunião.