Com 40 anos, Renilda Abreu sofre de miocardiopatia dilatada, termo que indica um grupo de doenças cardíacas onde os ventrículos dilatam e ficam incapazes de bombear um volume de sangue suficiente para suprir as necessidades metabólicas do organismo, provocando insuficiência cardíaca. Os últimos sete anos foram de luta pela sobrevivência, até que no dia 17 de dezembro recebeu a boa notícia de um coração compatível com o seu para transplante. Cirurgia realizada com sucesso, agora Renilda é só gratidão. “Há mais de quatro anos eu dormia sentada e esta noite, quando fui dormir, virei de lado e pude dormir a noite quase toda. Para mim foi uma coisa maravilhosa, eu renasci. Eu só tenho a agradecer”, diz.
Com o 29º transplante de coração realizado há 10 dias, o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, em Fortaleza, assume o segundo lugar no país em número de transplantes de coração realizados, superado apenas pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Quem comemora é o cardiologista João David de Souza Neto, chefe da equipe de transplante cardíaco do Hospital de Messejana. “Foi um ano muito bom para os transplantes de coração no Ceará”, avalia. Em 2012, o Hospital de Messejana realizou 28 transplantes de coração.
A equipe comemora os resultados, mas continua em campanha por mais doadores de órgãos. “Precisamos sempre do apoio da população, do entendimento da importância da doação de órgãos. Temos que agradecer àqueles que se propuseram, esse ano, permitir que seus familiares que, por algum motivo, tiveram morte cerebral, fizessem a doação e permitissem que outras pessoas continuassem vivendo com seus órgãos”, diz o médico João Davi.
Com a esperança de conseguir um novo coração, pacientes continuam na fila de espera, como Antônio Carlos de Oliveira. Aposentado por causa da insuficiência cardíaca, ele sonha com uma vida nova. “Porque hoje é assim, a vida que a gente leva é dura. Se for da vontade de Deus que eu volte a trabalhar, eu tenho fé de que eu vou voltar curado”, diz.
A auxiliar de cozinha Elizângela Marques também aguarda um transplante; com 34 anos, ela precisa de um coração novo para continuar vivendo. “A gente acredita, a gente tem fé, tem força e sabe que vai sair daqui curada, andando, com um coração novo. Sou nova ainda e tenho que lutar muito pela minha vida.”
G1/Ce