Josiane já se acostumou a ver cair pedaços da marquise de um imóvel que fica na rua Barão do Rio Branco, no Centro de Fortaleza. Há oito anos, ela trabalha em um comércio instalado embaixo da fachada do local, onde funcionava a antiga Casa Veneza. “Outro dia, caiu um pedaço do reboco em cima de uma senhora que passava aqui na calçada”, relata. O imóvel é um dos 95 mapeados até ontem pela Defesa Civil de Fortaleza que apresentam a estrutura da fachada com irregularidades.
Desde a última quarta-feira, 4, técnicos do Núcleo de Ações Preventivas do órgão realizam vistorias em construções do Centro para evitar o colapso de edificações em estado crítico e, assim, prevenir acidentes, principalmente, durante a quadra chuvosa (fevereiro a maio), que se aproxima. Agente da Defesa Civil, Luciano Herman explica que até a manhã de ontem, 27 ruas do Centro e entorno haviam passado pelas inspeções previstas. O cronograma de mapeamento dos imóveis irregulares deve seguir até o fim desta semana.
Segundo Herman, duas irregularidades são mais comuns entre as edificações inspecionadas no Centro: marquises em más condições de manutenção (com descolamento de placa) e armaduras expostas e desgastadas. “Aqui no Centro, o maior problema é que existem muitos imóveis antigos e sem manutenção adequada”, resume. O agente explica ainda que o resultado do mapeamento será um relatório, que deve ser levado à Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, para que, a partir disto sejam discutidas as ações mais adequadas.
Outra construção com irregularidades foi localizada pelos agentes na esquina das ruas Senador Alencar e Major Facundo. O prédio tem cerca de 30 anos, segundo o vigia José Ávila, 54, funcionário de uma empresa vizinha ao local. “As janelas de vidro foram retiradas pelo dono há uns dez anos, porque estavam muito desgastadas. Aí, essa estrutura decadente fica visível, né?”. Apesar de ter sido apontado como local de risco pela Defesa Civil, Ávila diz que não teme acidentes. “Aqui (no Centro) tem lugares piores que esse e nunca tiveram problemas”.
Incidentes
Durante o período de chuvas compreendido de janeiro a junho de 2013, a Defesa Civil de Fortaleza computou 708 ocorrências em toda a cidade. Segundo balanço feito pelo órgão, com 200 registros, fevereiro foi o mês deste ano que computou o maior número de ocorrências. As tipologias com a maior incidência foram risco de desabamento, desabamento e incêndio. Desta forma, o propósito da inspeção é reduzir este número de incidentes quando as chuvas começarem na Capital.
Na semana passada, uma operação foi iniciada para limpar os principais canais, riachos e lagoas de Fortaleza. O objetivo também é evitar incidentes durante o período de chuvas, prevenindo inundações e alagamentos. O serviço é uma operação conjunta da Empresa de Limpeza e Urbanização (Emlurb), Defesa Civil, Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP).