Como muitos já viram, ontem, houve uma publicação envolvendo meu nome, sendo, esta, fonte de acusações infundadas e xingamentos desnecessários. Acredito que a população deve se manifestar sempre, mas da forma mais cabível e adequada, além disso, é importante que saibamos diferenciar: DIREITOS ≠ VONTADES.
Apesar de, aqui, falarmos tão pouco acerca do assunto é uma pena que muitos nem cheguem a ler essa carta até o fim, contudo, mantenho a expectativa.A saúde pública tem se desgastado demais nos últimos anos, assumindo o carro chefe de inúmeras discussões e debates políticos. Como em todos os assuntos que percorrem nosso meio, sempre há uma figura simbólica que é utilizada para representar uma classe, nesse caso da saúde pública, tem sido o médico.Dessa forma, nos últimos tempos, toda e qualquer frustração na área da saúde tem sido manifestada como se fosse culpa dos médicos, o que leva a um preconceito geral contra meus colegas de profissão. Assim, é normal que muitos ”atirem as primeiras pedras” antes de refletirem sobre o que leram nas redes sociais.Simplificando as coisas:O plantão na Unidade de Pronto Atendimento de Forquilha-CE é composto por uma equipe pequena de profissionais, sendo na realidade bastante semelhante a um PSF mais equipado. No local trabalham apenas 01 médico(a), 01 enfermeiro(a) e 3 auxiliares de enfermagem. Sendo assim, como único posto de avaliação médica na região durante os fins de semana e noites, recebemos os pacientes dos mais diversos distritos pertencentes ao município, que em sua totalidade chegam a quase 25 mil habitantes. Ou seja, só é contratado 01 único médico para dar suporte a possíveis 25 mil pacientes. Portanto, os atendimentos prestados à população são feitos em caráter de Urgência e Emergência (que fique claro que emergência são quadros que colocam em risco a vida do paciente no exato momento), devendo, os pacientes mais GRAVES, ser atendidos com prioridade, ou, os mais simples, que não apresentam risco iminente, direcionados ao Posto de Saúde.Quanto a Idosa de 73 anos, ELA FOI ATENDIDA SIM. ENTROU EM MEU CONSULTÓRIO, E EXAMINEI A PACIENTE. Durante uma avaliação e anamnese dirigidas, esclareci a acompanhante que ela precisaria fazer uns exames complementares, mas que antes disso, eu poderia realizar um procedimento ambulatorial, sem caráter de Urgência na própria unidade para conforto da paciente, mas que a mesma NÃO ESTAVA GRAVE, que PODERIA ESPERAR NO SALÃO ATÉ TEMINAR OS PRÓXIMOS ATENDIMENTOS, POIS ESTAVAM MAIS GRAVES QUE ELA. Com o passar do serviço, novos pacientes chegaram, como uma paciente com possível fratura exposta. Em virtude da complexidade do quadro, a senhora com possível fratura foi atendida de imediato, pedi que a colocassem na sala de procedimentos para uma melhor avaliação. Durante isso, a Idosa que havia sido atendida, estava acompanhada de sua filha, genro e sobrinha, sendo que esta última, extremamente exaltada, xingava e gritava com a equipe toda e prejudicava a concentração dos profissionais e o andamento do serviço, pois estava insatisfeita com a demora do atendimento, sendo que a paciente chegou as 19:15h, foi atendida num primeiro momento em torno de 20:00h e deu início ao atrito as 21h.De imediato, pedi a filha da paciente Idosa que retirasse sua prima do local, pois a mesma estava atrapalhando o atendimento de outros pacientes e comprometendo a qualidade do atendimento. Insatisfeita, a filha da paciente se recusou a solicitar que sua prima se retirasse do local. Devido à chegada constante de novos pacientes, optei por encaminhar a Idosa para fazer logo as avaliações complementares mais importantes no Hospital Regional da Zona Norte, como um simples Eletrocardiograma (ECG) o qual não dispomos na unidade. Devido à decisão de encaminhar a paciente para agilizar os procedimentos, já que a mesma estava apenas esperando enquanto não estávamos resolvendo o seu problema, os acompanhantes da senhora idosa invadiram o consultório, ameaçaram os profissionais, rasgaram a ficha de encaminhamento, jogaram em cima de mim, o que tornou necessária a ligação para a equipe de polícia da cidade, pois na Unidade de Pronto Atendimento não dispomos de Seguranças no local. Seria ideal que houvesse seguranças e câmeras filmando o que se passa no local, pois, muitas vezes, os pacientes, emocionalmente alterados pela doença, podem perder a razão e nos oferecer sérios riscos.Ao contrário do que foi publicado sem provas, temos na unidade o registro do atendimento, a ficha de encaminhamento da paciente para o Hospital Regional, as várias testemunhas que viram a paciente entrar e ser atendida. Como a própria moça que publicou a calúnia disse: “ele falou que ia encaminhar minha mãe para fazer um curativo”. Bem, se eu falei algo, é porque havia examinado a paciente, concordam? Todos os cidadãos têm o DIREITO a um atendimento médico de qualidade, mas não podem ter sempre suas VONTADES atendidas tampouco exigir prioridade quando não necessitam. É uma pena que muitas vezes o cenário da saúde seja usado para atingir objetivos políticos locais de oposição, pois como é sabido no município, apesar da gestão pública investir na área e tentar suprir as necessidades da população na medida do possível, falhas e déficits a serem corrigidos acabam se tornando sensacionalismo político.Desde já agradeço aos pacientes que têm me apoiado desde o início deste boato, pois são eles que me dão a consciência tranquila de que tenho feito o correto no serviço, afinal, o dever do médico não é fazer o que os pacientes DESEJAM, mas sim, fazer o que lhes é recomendado para sua saúde.
Por fim... Dou exemplo de alguns dos pacientes que me confiam a saúde dos seus filhos, e as suas, e até o momento não se arrependeram e têm me dado apoio nesta questão (todas as fotos tiradas com a devida permissão dos mesmos). Agradeço aos forquilhenses de bem que têm me apoiado e entendem a realidade da situação, agradeço também aos que emitem opiniões com calma e refletindo sobre as duas faces da moeda.
segunda-feira, junho 23, 2014
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Nota de Esclarecimento dos Fatos, pelo médico Adriano Bispo
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