Os braços da Operação se estenderam ao Ceará. O deputado federal Aníbal Gomes, apontado em delações premiadas como articulista de Renan Calheiros, entrou na mira do Ministério Público Federal (MPF). O gabinete dele, em Brasília, foi um dos locais visitados pela Polícia Federal. Em Fortaleza, o ex-presidente da Transpetro (subsidiária de transporte e logística da Petrobras), Sérgio Machado, recebeu dois mandados em sua mansão no bairro Dunas. Após dez anos no comando da empresa, ele cedeu a pressões do mercado e renunciou ao cargo em fevereiro último, como consequência de ter o nome citado na Lava Jato.
O dia ficou ainda mais tenso para o PMDB depois que o Conselho de Ética da Câmara decidiu, após sete sessões adiadas, prosseguir com o processo de cassação de Cunha. Desde o início do ano, o PMDB tem ganhado poder com a impopularidade do Governo Dilma. No entanto, uma semana após o presidente nacional da legenda, Temer, enviar carta-desabafo sinalizando rompimento com o Governo, é a vez de os peemedebistas passarem por dificuldades. O estrago poderia ter sido ainda maior para a sigla, não fosse o STF barrar cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa Calheiros, solicitado pela Procuradoria Geral da República.
Se a aliança que une Executivo e Legislativo (PT-PMDB) andava comprometida, após rompimentos de parlamentares e da carta de Temer, os próximos capítulos prometem ser ainda mais nebulosos. Por um lado, hoje as ruas protestam contra o impedimento de Dilma, em manifestações organizadas por movimentos sociais, sindicais, petistas e aliados. Por outro, o STF decide sobre o rito de impeachment que ainda pode resultar na herança da República para o PMDB, que se reúne nesta quarta para discutir o futuro da aliança com o governo.