A presidente Dilma Rousseff topou oferecer um ministério a Lula para evitar que ele possa ser preso na Lava Jato por uma decisão do juiz Sergio Moro. A revelação é feita, nesta quarta-feira, pela Coluna Painel, do Jornal Folha de São Paulo. Lula foi levado, na última sexta-feira, a depor na Polícia Federal para falar sobre o sítio de Atibaia e o apartamento tríplex, no Edifício Solaris, em São Paulo.
O sítio e o apartamento receberam reformas bancadas por construtoras investigadas no escândalo de corrupção da Petrobras. Lula visitou o apartamento, mas nega que seja proprietário do imóvel. A mesma justificativa, também, é dada sobre o sítio, usado pelo ex-presidente e pelos seus familiares.
O ex-presidente Lula esteve, nessa terça-feira, em Brasília, e conversou com a presidente Dilma Rousseff para avaliar as medidas que devem ser adotadas para recuperação da economia, as articulações para fortalecer a base de apoio ao Planalto no Palácio do Planalto e os desgastes provocados ao Governo Federal e ao PT pelas investigações da Operação Lava Jato.
O encontro de Dilma e Lula acontece no momento em que setores do PMDB defendem a saída do partido do Governo Federal. Simultâneo a esse movimento, cresce entre os partidos de oposição a luta pela abertura do processo de impeachment da presidente Dilma.
A convenção nacional do PMDB, a ser realizada, em Brasília, no próximo sábado, poderá marcar uma nova fase na relação com o PT e o Palácio do Planalto. Lula e Dilma querem preservar a aliança com o PMDB. A convenção de sábado definirá os rumos do PMDB no Governo Federal e a reeleição do vice-presidente Michel Temer para mais um mandato de dois anos na Executiva Nacional da sigla.
Segundo a coluna Painel, do Jornal Folha de São Paulo, ministros do círculo próximo tanto da petista quanto de seu antecessor entraram numa verdadeira operação nessa terça-feira para convencê-lo a aceitar a oferta. No centro do governo, há fortes temores de que a operação possa tentar levar Lula à prisão. Até o início da noite, de acordo com a Folha de São Paulo, antes, portanto, do jantar no Palácio Alvorada, Lula resistia à ideia.
O desespero com os desdobramentos da Lava Jato e com a falta de perspectiva na economia é tão grande que surge no Congresso pressão para que Dilma convoque um conselho com representantes dos três Poderes, nos moldes do “Conselho da República”. Previsto na Constituição, o colegiado incluiria Executivo, Legislativo e sociedade civil, mas não o Judiciário, o que, aos olhos do Congresso, é crucial para impor limites à Lava Jato.
A preocupação entre senadores, deputados federais e dirigentes de partidos cresce com o aprofundamento das decisões da Justiça Federal em mandar para a cadeia agentes públicos e empresários denunciados por corrupção. Congressistas afirmam que a condução coercitiva de Lula mostrou que estão todos vulneráveis. A avaliação é que a “República está dormindo de sapatos” e que Dilma foi engolida pela Lava Jato. “Será melhor trocá-la”, defende um político.