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segunda-feira, março 05, 2018

Médico do DF testa nova "vacina" promissora contra mal de Alzheimer

Começa a surgir uma nova possibilidade de que a medicina consiga, ao menos a médio prazo, driblar os mecanismos cerebrais da perda de cognição e do mal de Alzheimer. Garantir anos mais lúcidos aos pacientes da doença é a aposta do geriatra e pesquisador Eduardo Freire Vasconcellos, profissional de um instituto privado de pesquisas clínicas do Distrito Federal.

Por enquanto, não há perspectiva de cura e nem de prevenção contra esse a doença, tipo de demência mais comum em idosos e campeão de temores em consultórios de geriatria. Mas, desde o início de 2018, Eduardo Vasconcellos está às voltas com ampolas de um tratamento que, caso se prove eficaz, pode ajudar a “congelar” a perda de memória logo após seus primeiros sinais.

O centro de pesquisas do médico é um dos sete do país que participam hoje de um estudo de fase 3 – quando um fármaco é testado em um grupo maior de pacientes voluntários – do imunobiológico crenezumabe, apelidado de “vacina contra o Alzheimer”. Ele nada tem a ver, porém, com os frasquinhos que previnem febre amarela ou hepatite. A única semelhança é a forma de aplicação, com agulha e seringa. Fica por aí.

O crenezumabe tem estampado algumas notícias de jornais desde o início da década, quando ainda era uma esperança confinada a tubos de ensaio. A pesquisa da qual Vasconcellos participa, atualmente, pode deixá-lo mais perto de virar tratamento, o que faria dessa substância a primeira nova arma contra a doença aprovada em mais de 10 anos.


“O que queremos é transformar o Alzheimer em uma doença como a Aids”, compara o geriatra. “Um coquetel de medicamentos que estabilize sua progressão e com o qual o doente viva o resto da vida”, completa.

Pelo menos 700 pacientes devem participar desse estudo, em 19 países. No Brasil, são sete instituições envolvidas, sendo a maioria hospitais vinculados a universidades federais. Só a clínica de Vasconcellos e uma outra, em São Paulo, são particulares – os voluntários, no entanto, não têm custo algum se quiserem testar a tal “vacina” durante um período de dois anos, fora um terceiro, de acompanhamento de resultados. Se tudo der certo, a droga pode chegar ao mercado lá por 2022, no melhor dos cenários. Mas ainda é cedo para cantar vitória, diz o médico.

“Apesar dos milhões de dólares investidos, nenhuma [tentativa] vingou. Este ano, por exemplo, um estudo de fase 3 de um anticorpo monoclonal foi concluído e, mais uma vez, não funcionou. É um campo de estudos frustrante porque você tem uma série de insucessos”, pondera.

O estudo ainda deve ficar aberto para recrutamento de voluntários por mais dois meses. Ao Metrópoles, o médico falou sobre a droga, possíveis cenários e por que o mal de Alzheimer é inimigo ferrenho da medicina.