Sem imaginar a intenção o jovem com deficiência, uma cliente e o próprio lojista chegaram a entregar dinheiro para ele. “O rapaz veio com a cadeira elétrica e ficou no canto. Uma cliente colocou 5 reais no bolso dele antes de ir embora. A gente pensou que ele queria doações. Eu também fiquei com pena e dei dinheiro”, conta o lojista.
O plano
O cadeirante estava esperando os clientes saírem para executar o plano. Foram aproximadamente dez minutos. Quando o último foi embora, ele alcançou uma folha de caderno ao comerciante. “Passa tudo. Não chama atenssão (sic)” era o recado, com erro ortográfico e caligrafia irregular. “Achei que era brincadeira. Depois ele puxou a arma com os pés. Aquela pistola parecia de verdade. Um rapaz ali atrás viu e logo ligou para o 190.” Outra pessoa, que teria entrado no momento, pareceu não se assustar.
Avisada, a Brigada foi preparada para possível confronto. A descrição era de um cadeirante armado. Sem detalhes do tipo de limitação de movimentos e da mudez. Quando os policiais chegaram, o simulacro estava no chão. O deficiente foi levado à delegacia.
Delegado liberou jovem e abriu inquérito
O suspeito prestou depoimento na presença de um familiar, que auxiliou na compreensão do relato, e foi liberado. O delegado de Canela, Vladimir Medeiros, abriu inquérito. “As circunstâncias do fato devem ser aprofundadas, o que somente através de uma investigação é possível”, comenta Medeiros. Ele frisa que, pelos elementos levados à delegacia, seria um crime impossível de ser consumado. “Especialmente se considerada a condição física do investigado, inclusive em razão da impossibilidade de fuga”, observa. A Polícia analisará imagens das câmeras internas e externas da joalheria. O investigado, que não tem antecedentes criminais, teria agido sozinho. Nas redes sociais, com orgulho por meio de frases e imagens, ele se diz membro da facção Os Manos.
Irmão gêmeo está recolhido por homicídio
A história ganha novos contornos surreais pela família do cadeirante, que é de Canela e frequentava escola na área central até o ano passado. Ele tem um irmão gêmeo, sem deficiência física, que está preso por um assassinato e uma tentativa de homicídio. Cumpre pena no presídio de Canela.