Chilenos compareceram em massa para votar no domingo, com mais de 8,3 milhões de votos, a maior participação desde o retorno da democracia em 1990.
Ativos chilenos reagem à vitória de Gabriel Boric nas eleições presidenciais do Chile, dando ao candidato de esquerda um forte mandato para reformas na economia mais aberta da América Latina.
O peso chegou a cair 3%, para a mínima em 21 meses de 871,46 por dólar no início do pregão, o que ampliou as perdas da moeda neste ano para 18,2%, um dos piores desempenhos do mundo. Os rendimentos dos títulos em dólar do governo deram um salto, enquanto o ETF iShares MSCI Chile mostrava queda de 7,7% nas negociações do pré-mercado em Nova York. O índice da Bolsa de Santiago caiu 5% na abertura.
“Os preços de mercado não tinham incorporado que Boric poderia ganhar com uma margem tão ampla e um comparecimento tão alto”, disse Hugo Osorio, vice-gestor de estratégia de investimento da Falcom Asset Management, em relatório no domingo.
Boric, deputado da Câmara que ficou conhecido como líder estudantil, obteve 56% dos votos, enquanto o conservador José Antonio Kast obteve 44% em um segundo turno cujo resultado parecia muito difícil de prever há poucos dias.
Os chilenos compareceram em massa para votar no domingo, com mais de 8,3 milhões de votos, a maior participação desde o retorno da democracia em 1990.
Boric concorreu como candidato da coalizão Apruebo Dignidad, que incluía vários partidos de esquerda, incluindo o Partido Comunista.
“Esse é o pior cenário que o mercado poderia presumir, pois esperava uma votação bem mais apertada, um sinal de um país aberto ao diálogo”, disse Klaus Kaempfe, diretor de soluções de portfólio da Credicorp Capital.
Depois do primeiro turno no mês passado, Boric moderou o tom para atrair eleitores do centro. Ele reiterou em discurso no domingo que buscará manter a disciplina fiscal e negociará o avanço das reformas com o Congresso, que incluem aumento de impostos sobre os ricos e sobre a indústria de mineração, rejeição de projetos que afetam o meio ambiente, melhoria dos serviços sociais e desmantelamento do sistema de pensões privado do país.
Os fundos de previdência privada, criados na década de 1980 durante a ditadura de Augusto Pinochet, tornaram-se um baluarte do mercado de capitais chileno. No entanto, críticos dizem que não conseguiram fornecer pensões satisfatórias aos aposentados, e os chilenos têm sacado recursos desses fundos durante a pandemia.