A Justiça decidiu que o empresário Ernesto Wladimir Oliveira Barroso deve continuar preso. Ernesto é acusado de mandar matar o advogado Francisco Di Agellis Duarte de Morais, porque supostamente vinha sendo extorquido pela vítima.
A decisão foi proferida nessa terça-feira (17), na 1ª Vara do Júri do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). Para o juiz, "mostra-se indevida a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão quando a segregação se encontra fundamentada na gravidade concreta do crime apurado, indicando que as providências menos gravosas seriam insuficientes para viabilizar a investigação".
Para tentar a prisão domiciliar, a defesa do réu havia alegado que Ernesto tem filho criança que vem sofrendo com ausência do pai. O Ministério Público do Ceará (MPCE) também foi contra a revogação da prisão preventiva com substituição por prisão domiciliar, afirmando ser necessário o cárcere.
"Segundo a linha investigativa que embasou a ação penal, Ernesto Wladimir é apontado como autor intelectual do homicídio, enquanto os acusados, José Luciano Souza d Queiroz e Glauco Sérgio Soares do Bonfim seriam os executores, fato inclusive evidenciado por um registro de câmera de segurança, que captou o momento exato em que estes dois denunciados instalaram aparelho rastreador no veículo da vítima", como consta na decisão.
Os outros dois denunciados são ex-policiais militares.
SOBRE O CRIME
Conforme a denúncia, o empresário Ernesto Wladimir de Oliveira Barroso teria encomendado a morte do advogado para se vingar de uma extorsão. Na versão do empresário, dias antes ele pagou R$ 800 mil para a vítima em troca que ela tirasse do ar reportagens de um portal que colocavam em questão a 'ascensão financeira' de Ernesto: "de acordo com o acusado, as publicações eram um ataque à sua pessoa e levantavam dúvidas quanto a honestidade de seu patrimônio".
O advogado Francisco Di Angelis Duarte de Morais, de 41 anos estaria sendo monitorado pelos criminosos - inclusive com uso de um rastreador - dias antes do crime.
A reportagem do Diário do Nordeste apurou que policiais civis da 6ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) descobriram que dois homens estiveram, em um carro, no local de trabalho de Francisco Di Angelis, uma torre empresarial no bairro Edson Queiroz, em busca de saber qual era o veículo do advogado, na manhã de 24 de abril deste ano.
Os dois homens informaram a funcionários do empreendimento que tinham interesse em comprar o carro. Um deles foi reconhecido por testemunhas como o ex-policial militar José Luciano Souza de Queiroz - que está preso preventivamente e foi indiciado pelo homicídio ocorrido no dia 6 de maio último.
O advogado foi assassinado em maio deste ano. Ele foi surpreendido pela aproximação de uma motocicleta com dois homens, posteriormente identificados como os ex-PMs.
Para o MPCE, "a dinâmica do crime demonstra um meticuloso estudo da vítima, eis que o atirador se deu ao trabalho de efetuar os disparos somente após a vítima desembarcar do veículo, não efetuando disparos diretamente na lataria do carro, assim, evitando que a ação homicida fosse frustrada, caso o veículo fosse blindado".